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sábado, 8 de março de 2014

Opinião: Os Sofrimentos do Jovem Werther

Oi, gente.

  Pensando um pouquinho nas postagens, resolvi fazer algumas mudanças...
  Das Fichas Técnicas que eu já publiquei (pois tenho quatro que ainda não terminei kkk), eu costumo colocar a minha opinião do livro junto com a Ficha, mas o que sempre acontece é o seguinte: eu acabo demorando muito para publicar a ficha e geralmente a maioria das impressões que eu tive sobre o livro já me fugiram da cabeça. Então começarei a fazer o seguinte: colocar minha opinião sobre o livro assim que eu acabar de ler e depois mais pra frente colocar a ficha.
Então para já começar com esse novo formato, irei postar minha opinião sobre o último livro que eu li: Os Sofrimentos do Jovem Werther.


Já faz um bom tempo que eu tinha o livro mas ainda não tinha lido. Eu comprei essa edição alternativa da Editora Abril, fato que não é adaptação é o texto integral, na última Bienal do Livro em 2012. Gostei muito dessa coleção da Abril: é de capa dura, de tecido com uma estampa que parece antiga e com aquelas fitinhas de tecido para marcar página típica de livros antigos. E o melhor bem baratinho! Comprei logo uns 10 livros da coleção kkkk. 
Como esse ano tem de novo a Bienal, no qual, comprarei mais livros, e fazendo assim 2 anos que tenho o Werther na estante, resolvi finalmente lê-lo. (Nada a haver com as ameaças da minha mãe sobre não comprar mais livros sendo que ainda tenho vários na estante que eu ainda não li kkkkk)

CUIDADO COM OS SPOILERS!

  Primeiramente: Jovem Werther é clássico. Toda vez que ouço clássico, eu já fico com um pé atrás. Infelizmente, é um preconceito do qual não me orgulho e pretendo me livrar. O preconceito de que um livro clássico é e será chato, sempre me assola, mas tento a todo custo deixá-lo de lado e aproveitar a leitura. Foi escrito por Johann Wolfgang von Goethe, o mesmo autor de Fausto (livro que também sou louca para ler), no século XVIII, mais precisamente em 1774. 

  Werther é o chamado romance epistolar: o tipo de romance, no qual, os fatos são contados através de cartas. Algo que acontece também com Drácula (não sei se posso dizer que seria como O Diário de Princesa... por favor, não zoem a comparação tosca, comparada a magnitude das duas primeiras obras que mencionei, o que me veio a cabeça). A questão do romance epistolar é que as cartas dão uma aparência histórica e verdadeira, porém, em Werther no meio do livro temos a interrupção das cartas. O único meio pelo qual conhecemos os personagens e os fatos ocorridos na historia é pelas cartas. Na interrupção do meio do livro, aparece um editor, que a meu ver é Wilhelm, que faz uma pesquisa sobre a história de Werther e nos conta seus últimos dias e o desfecho da história em prosa, com algumas anotações do próprio Werther (já falecido) apresentadas para autenticar sua a narração.

  O romance começa com Werther indo embora para outra cidade, por ele ter se apaixonado por uma garota, que pelo que entendi, seria a irmã Wilhelm, seu amigo, confidente e o destinatário pelo qual Werther se corresponde durante o livro. Aliás, do que Werther vivia? Da mesada de sua mãe? De uma herança? (no livro foi mencionado algo do gênero apesar da herança parecer ser da mãe dele) Só vemos uma vez lá pra frente, Werther arrumando um trabalho (do que realmente não sei) com um príncipe. 

  Isso já de cara, me dá uma impressão negativa do protagonista, como um rapaz um pouco volúvel, indeciso e inconstante. Fato que me faz lembrar de Romeu e Julieta, pois Romeu (que também considero um tanto volúvel) começa a peça acometido por um romance avassalador por Rosalinda e depois puf! do nada Julieta é a razão de seu viver. 

  Aproveitando para já comentar sobre o papel de Wilhelm na história, fico me perguntando da real opinião de Wilhelm, do conteúdo de suas cartas em resposta às de Werther. Vire e mexe o protagonista comenta sobre algo que Wilheim lhe escreveu, mas não tem como realmente saber seu conteúdo. 

  Poucos são os personagens nomeados, fato que me fez lembrar de A Moreninha que também não nomeava algum lugares e pessoas. Dá uma ótima comparação com Werther e serve como exemplo, pois trata-se também de um livro do Romantismo, exceto por ser brasileiro e do estilo de Manoel Macedo ser diferente. Macedo não inclui o "mal do século", o sofrer e morrer de amor na história (que era comum nas histórias da época), bom, até inclui, mas nenhum dos dois protagonistas chega a morrer mesmo. 

  Quando se ama, tudo fica mais lindo, mais cheio de cores e mais subjetivo. Goethe nos mostra isso nas reflexões filosóficas (agora não me lembro com detalhes, como não quero escrever errado, quando eu postar a Ficha colocarei a frase certinha) e em suas densas, metódicas e metafóricas descrições do mundo que cerca o protagonista. Mas pode ser que esse exagero seja pelo fato de que antigamente  se detalhava muito o cenário nos livros porque não existia TV (algo que nos facilita a visualização de um cenário).

  O tempo também passa de forma diferente. A história acontece num intervalo de 2 anos e conforme os sentimentos de Werther mudam a quantidade de cartas a Wilhelm também muda. Por exemplo, nas ocasiões em que Werther está perto de Charlotte, sua amada, o volume de cartas é intenso e ele chega a escrever quase todo dia. Mas quando ele está longe, trabalhando para o príncipe, ele demora e escreve de mês em mês.

  A escrita não é difícil, tem algumas palavras que nunca vi, mas ao ler o contexto você consegue entender mais ou menos o que é. Outra coisa que me pegou foram as referências. Gothe era alemão, então, além de complicar a situação por ser um livro com referências de coisas antigas, são referências de outro país, outra cultura e outra literatura do qual não tenho nenhum conhecimento. Esse é o primeiro (que eu saiba) livro de origem alemã que eu leio, então fico sem muita base, apesar das notas de rodapé ajudarem um pouco. Por exemplo, ao falar das cidades, fico me perguntando se elas são reais ou fictícias. 

 Werther é um típico romance do ápice do Romantismo, a coisa mais sarcástica e contraditória é quando Werther ao querer se matar pede as armas de Albert, o esposo de sua amada. Aliás, o suicídio: Werther da um tiro na cabeça e morre um dia depois? As armas de antigamente eram bem fracas, né?

  Outra coisa: eu acho Albert um tanto mole e o tipo de corno que não quer enxergar as coisas. OK! Eu sei que antigamente os homens respeitavam uma mulher casada e tal mas... por favor!! Adultério existe desde o começo dos tempos e Albert não pensa na possibilidade de traição? Não, ele praticamente faz coisa nenhuma, só fica evitando de falar sobre Werther com Charlotte.

  Afinal, será que Charlotte era tudo aquilo mesmo? Será que ela merecia o amor de Werther a ponto dele se matar? Ela era tão fantástica assim como Werther a descrevia ou seria apenas o véu do amor que embaçava os olhos dele para a realidade? Também me pergunto sobre os sentimentos de Charlotte: ela sempre soube do amor de Werther ou nunca desconfiou de nada? Nunca sentiu nada ou se sentia, ela mantinha escondido por causa do marido? Ou então, se tinha conhecimento de tudo isso, do amor dele por ela e resolveu fechar os olhos para o fato? Ela não faz nada para impedir a entrega das armas para Werther, ela mesma limpou as armas! Como ela não pensou na possibilidade dele se matar? Será que ela era tonta mesmo ou era indiferente? Ou presa pela ideia de que sendo mulher não poderia interferir? Não consigo entender, mesmo se ela não o amasse ela poderia ter pensado em fazer algo pelo menos em prol de sua amizade.

  Eu demorei muito para ler o livro e suas 160 paginas se arrastaram como se fosse as de um livro de 500 páginas. Porém, acho que eu tive essa sensação por estar curiosa e ansiosa pelo final da historia, já cansada só do chororô e das filosofias de Werther sobre o mundo, e vê-lo partir para a ação ou que acontecesse algo que mudaria o destino dos personagens como por exemplo uma possível morte de Albert deixando o caminho livre para Werther ficar com Charlotte. Mas ele desde o começo sabia aonde estava se metendo. Desde o começo ele sabia que Lotte era noiva. Desde o começo ele não tinha chances com ela.

  No entanto, não escolhemos por quem nos apaixonamos. Sou uma romântica incorrigível, até mesmo, ultrarromântica, mas não ao ponto de achar Werther um sublime do Romantismo, mas posso assegurar que ele me tirou de minha zona de conforto, que ele realmente mexeu comigo, motivo pelo qual fui tão crítica em minha opinião.

  Para os românticos extremistas de plantão, Os Sofrimentos do Jovem Werther é uma boa pedida.