Oi, gente!
Já faz um tempo que eu estou querendo postar sobre Madame Bovary, no qual, eu terminei de ler em Março, mas estava me faltando justamente isso... tempo.
Deus me perdoe, mas foi um martírio ler Madame Bovary. Meu Deus! O livro não acabava nunca e por muitas vezes fiquei entediada com ele. Desde que eu o comprei na Bienal do Livro de 2012, ele ficou parado na estante junto com Jovem Werther e outros mais, pois sempre que eu comprava um livro novo, eu lia na frente. Eu já tinha tentado ler o livro umas duas vezes, mas me entediava e parava. Não posso negar que a história é muito boa, super vanguardista para a época e tal, mas não consigo entender como as pessoas conseguiram ler um livro tão grande (para a época, eu digo) com mais de 400 páginas! Infelizmente, meu preconceito venceu desta vez... este clássico foi um porre. Desculpe o linguajar...
Mas como diria minha Mestra Rita Couto "Os livros bons são aqueles que nos tiram de nossa zona de conforto". E com absoluta certeza, afirmo que Madame Bovary me tirou! Tenho muita coisa para falar sobre ele!
O livro foi escrito na França por Gustave Flaubert em 1857. Foi um escândalo! Flaubert foi indiciado e levado a julgamento por seu livro, que infringia a moral e os bons costumes, ao contar tão satiricamente o adultério de uma mulher.
Quando falo de Madame Bovary não consigo deixar de pensar em Memórias
de um Sargento de Milícias. Por ser justamente um livro que na época meio
que foi contra as convenções, mostrou a verdadeira sociedade brasileira, a vida dos pobres, a periferia e sua vida boêmia. Ele se tornou um marco. Apesar de pertencer a uma escola romântica, a obra foi totalmente
inovadora, com um caráter muito mais realista do que romântico,
criticando a sociedade, satirizando o amor, cujo personagem central trata-se de um anti herói romântico. Para mim, Madame Bovary é equivalente a um Sargento de Milícias francês.
Não é a toa que Madame Bovary foi o marco do realismo francês,
uma verdadeira critica a burguesia e as mulheres com seus livros cor de
rosa românticos ao representar uma mulher adultera e instável. Flaubert "destrói" a imagem feminina, na verdade, da figura da mulher romântica, da castidade, pureza, decoro e
maternidade.
Há três Madames Bovary: a mãe de Charles Bovary, a primeira
esposa de Charles (que me faz lembrar muito noiva doida do Sr. Brown em Nanny McPhee 1, pois era viúva e não perdia a oportunidade de arrumar novos maridos) e a segunda que é aquela, no qual, a história se desenvolve: Emma. Apesar do tÍtulo da obra, para mim, o personagem principal é Charles, pois o livro conta desde sua infância até a morte.
Charles se tornou médico e depois de seu casamento com Emma, eles se mudaram para Tostes e mais tarde para Yonville logo quando Emma ficou grávida. Em Yonville, nos é apresentada uma enxurrada de novos personagens. Entre eles temos Homais,
o farmacêutico. Era outro que me dava raiva, ele se sentia o tal, sempre queria aparecer e meter o bedelho onde não era chamado. Acho que no final, ele foi o único que se deu bem. Vão se contando vários casos médicos de Bovary no livro ao compasso dos dramas psicológicos e amorosos de Emma. Várias coisas sobre religião são apresentadas mas sempre destacando a supremacia da ciência sobre ela.
Emma cresceu num
convento, lendo romances cor de rosa. Pensando que sua vida seria
como nos livros, ela tinha sempre um sentimento insatisfatório com tudo a sua volta. Inconstante, volúvel, um tanto bipolar (a meu ver) e tragicamente
sonhadora, cujo caráter foi moldado pelos livros. Eu ficava agoniada com ela/com o livro! Sei lá, parecia que tinha horas que Emma tava desenvolvendo uma Síndrome do Pânico. No livro, fala-se que ela "tinha problema de nervos", pelo qual se designava a maioria dos problemas psicológicos antigamente. A personagem estava num tédio tão grande que já estava me deixando louca! Que eu até
virava pro livro e falava: "Você está entediada? Eu estou entediada com você! Quero te jogar na
parede!!!" Não sei se isso seria uma critica ou se devo reverenciar Flaubert
por transmitir tão realisticamente através do livro que me fez me sentir tão
desesperadamente entediada quanto Emma.
Emma era uma mulher superficial, volúvel, insensível, egoísta, materialista... Nossa, posso chover, descascar o pau em cima de Emma com uma quantidade interminável de "elogios". Deus, como ela me dava
raiva! Mas lá no fundinho, tipo 10% do meu ser, eu tinha um pouquinho, um
tiquetinho, uma nesga de dó dela. Por ser uma vítima das circunstâncias, o resultado daquilo que ela lia, dos autores românticos sobre uma
pessoa tão influenciável. Fraca e hipócrita que não teve coragem de
assumir seus erros e principalmente suas dívidas.Tão baixa que se
matou...
No começo, eu achava o amor de Leon e Emma bonitinho. Ainda era um amor
mais platônico, meio puro, no qual, ainda me dava uma visão bonita e romântica de Emma. Pois acontece do coração se enganar, ela achava que
amava Bovary pois foi o único homem que conheceu e não sabia o que era amor. Mas quando ele vai embora e Emma começa a se dar o desfrute com Rodolphe, cai na real e entendi seu caráter tão descarado de biscate. Rodolphe queria só se aproveitar dela e Flaubert mostra o desgaste dos relacionamentos até o do extra conjugal,
no qual, chega um determinado tempo que Emma se cansa de Rodolphe, mostrando o quanto ela era caprichosa. Uma criança mimada que fica empolgada com um brinquedo novo e logo depois se cansa. Devo
admitir que adorei quando Rodolphe deixou ela para trás... sempre se achando uma vítima.
Quando Leon volta, sinto que ele é uma espécie de Bovary 2. Ele cede a todos os caprichos de Emma e pula fora do navio antes que ele afunde. Eu poderia dizer que ele foi um covarde por abandonar Emma, mas ela bem que mereçeu. Gastou os tubos dando presentes para Rodolphe e Leon e o pobre do Charles só se endividando e não sabendo de nada. E Emma não gosta da filha, apenas finge para os outros. Pensa muitas vezes em deixar Berthe para ir embora com seus amantes.
Sinto dó, raiva e compaixão, tudo ao mesmo tempo por Charles Bovary. Um eterno capacho e bobão. Capacho da mãe, pois aceitava tudo o que ela dizia inclusive se casar com uma viúva que não amava, depois da sua
primeira esposa que era tão psicótica de ciumenta que lhe abusava muito mais
do que a mãe e finalmente Emma. Ele era tonto e cego de amor por ela. Não via nada, acreditava que sua vida era tão perfeita... um homem tão
bom que chegava a ser bobo. Amava tanto a esposa que a colocou num pedestal, até a "perdoou" quando descobriu sobre seus casos depois de sua morte.
Olha, agora terminando o post, vejo que na verdade, tenho duas opiniões sobre Madame Bovary: é um livro muito bom, mas no qual não faz meu gênero. Percebo que os clássicos me fazer ser mais crítica, fazem eu pensar, ir contra as convenções, parar e dizer "Ei, isso está errado!". Estou emergindo em um novo conceito de que o gostar é relativo mas o bom é indiscutível. Duas coisas que andam juntas e se confundem frequentemente...